quarta-feira, 12 de março de 2014

Espiritualidade e pós-modernidade- 2



Por Frankcimarks Oliveira 

Pretende-se com este texto responder as seguintes questões:

1-     Como o autor descreve a pós- modernidade?
2-    O que ele aborda sobre  nossa espiritualidade nesse contexto?

Antes de abordar a temática da espiritualidade pós-moderna, o autor introduz o contexto do caos que os hebreus sofreram no cativeiro babilônico. Lugar este onde os mesmos não conseguiam viver sua espiritualidade, visto que não conseguiam cantar os antigos cânticos de Sião em terra estrangeira. Ildo Perondi então nos contextualiza nesta dita pós-modernidade, incentivando-nos a buscar  uma espiritualidade mesmo em meio a crise dos paradigmas sociais que estamos enfrentando.

Para o autor a pós-modernidade é o momentos das mudanças rápidas; O futuro se confunde com o presente e isso não nos permite assimilar tudo o que está ocorrendo ao nosso redor. Como ele mesmo diz em seu texto : “ Somos a geração que vimos nascer e desaparecer as coisas” ( P.6) Podemos perceber mudanças estruturais e morais em toda a sociedade. Valores que outrora seriam intocáveis, hoje já não são tão importantes. A pós-modernidade tornou tudo muito relativo, logo nos tornamos fluidos em vários aspectos da vida.

Este momento histórico ao qual estamos inseridos é tão confuso que nem mesmo os especialistas sabem denominá-lo. Já vivemos em uma sociedade teocêntrica e extremamente religiosa e tradicional; Já vivemos o antropocentrismo na idade moderna, em que Deus fora posto de lado; Mas agora não se sabe que sistema de valores é este atual. Estamos vivendo o auge do stress e da depressão, doenças pós- modernas. Bem como vivemos em meio a violência , capitalismo voraz, consumismo exagerado. Parece que saímos dos trilhos e estamos desgovernados.


Ildo Perondi diz que a pós- modernidade é o caos implantado. Segundo o autor devemos enfrentar essa crise social com esperança utópica. Precisamos desenvolver nossa espiritualidade em meio a crise mesmo. Para demonstrar essa necessidade, ele recorre aos vários personagens bíblicos que mesmo em meio a dor e ao sofrimento, confusão e dúvidas, recorreram a Deus em uma espiritualidade escriturística. Elias, Moisés, Davi, Jesus são alguns exemplos citados pelo autor.

Segundo o autor, vivemos uma espiritualidade vazia, engessada e meramente ritualística. Nossa teologia se tornou a teologia do deus neoliberal , em que a fé é comercializada e o consumismo secular fora transportado para o círculo religioso.Todavia, o autor argumenta que mesmo inseridos numa sociedade tão fútil e fluida, buscamos coisas mais sólidas e concretas. É do ser humano se firmar em algo que lhe dê alguma segurança. A partir de então o autor enumera passos a serem seguidos para se alcançar mesmo em mio ao caos pós-moderno uma espiritualidade sadia.

Primeiro, devemos ter a bíblia como resposta para nossa crise, pelo menos como a fonte de nossa espiritualidade. Segundo Ildo, a bíblia é o livro das utopias e esperanças do povo de Deus em toda a história. Desde Gênesis capítulo um, vemos Deus agindo em meio ao caos.

Segundo, Cristo deve ser o modelo de nossa espiritualidade. Jesus teve uma vida de oração intensa. Nós precisamos desenvolver este mesmo hábito.

Terceiro, a cruz deve ser a base de nossa espiritualidade. Sem a cruz não há cristianismo. Depois de morto, Cristo ressuscitou para ser a esperança dos cristãos.

Quarto, o reino de Deus como meta de nossa espiritualidade. Devemos buscar o reino de Deus como Cristo ensinou na oração do Pai nosso. Quando o reino de Deus deixa de ser o nosso objetivo, tudo desvanece na espiritualidade. O Reino como comunidade de serviço, onde todos se servem, principalmente aos pobres e desfavorecidos.

Quinto, o profetismo como ação em favor da comunidade e dos injustiçados. Devemos anunciar o reino e denunciar as mazelas sociais. Tudo isso deve ser feito apegado a graça de Deus. Devemos entender nossas limitações e fraquezas para nos lançarmos em Deus e na força de seu poder. Precisamos estar seguros e firmes em algo que não seja passageiro. Ou seja, numa sociedade tão fluida e instável como a nossa, devemos nos agarrar em valores imutáveis. Todavia, necessitamos também, diz o autor, a estarmos abertos a novas experiências. Isto é, devemos alargar nossos horizontes, nos adaptando a medida do possível aos novos tempos.

Bibliografia :Espiritualidade cristã na pós modernidade. Ildo Perondi

Espiritualidade e pós-modernidade



Por Sergio Sebold – Economista e Professor 


Diversos autores no campo da sociologia têm encontrado dificuldades de uma análise acurada da sociedade atual, reconhecendo que não visualizam soluções de curto prazo para os tremendos desafios que se tem pela frente, oriundas principalmente pelo avanço tecnológico. De forma geral estes pesquisadores reproduzem o modelo psicológico fomentado pelo iluminismo. O iluminismo é decorrente da ascensão, depois de alguns bons séculos, da classe dos comerciantes e afins até tomada do poder político. Por esta ótica, a sociedade está estruturada pelos ideais, interesses e perspectivas novamente dos comerciantes, do sistema industrial, do sistema financeiro e como pano de fundo dos especuladores.
            Para manter estes ideais, tornou-se necessário eliminar do horizonte emocional e intelectual: a transcendência. Esta substituição se promove através do bem estar e da felicidade, que devem ser encontrado nas posses, na diversão, no acúmulo de conhecimentos e no desenvolvimento de técnicas que favoreçam cada vez mais o consumo. Caso contrário, se a felicidade humana for procurada na sua forma mais profunda, o transcendental, o modelo capitalista vigente entra em colapso. 
            Sem entrar em proposições filosóficas, a busca do bem-estar e da felicidade é encontrada nas seguintes dimensões: no campo físico; no campo dos sentimentos, sensações e emoções; no campo intelectual; e no campo espiritual. A luz de nosso intelecto os três primeiros são limitados, e sua busca resulta numa condição de imcompletude, num processo sem fim. Mas só há busca, porque sempre haverá escassez, carências, necessidades, levando o ser humano a um sentimento permanente de nunca se completar ou satisfazer. Para amenizar esta perspectiva sombria, as religiões pregam em primeiro lugar, sem negar os demais campos, a dimensão espiritual, porque esta é completa. Diante desta possibilidade, o iluminismo em defesa própria, argumenta que a religião significa trevas. Para justificar isso, aponta o cristianismo com todas as suas distorções. Em seus argumentos, afirmam que às "trevas religiosas" opõem-se as luzes da nova visão, aquela que garante a busca do bem estar unicamente no campo dos fenômenos. 



            As expectativas e as esperanças que restam aos entes humanos indefesos são as que estão relacionadas ao desenvolvimento e consumo de novos produtos da técnica. O resultado, em todo o mundo, em graus variados, é o que vemos hoje: relativismo, banalidades, incertezas, prisões abarrotadas, violências urbanas, tudo por falta de perspectiva, vazios existenciais, pobreza crescente, assombrosa corrupção, relacionamentos superficiais e descartáveis. Será este o preço da transição ou de crise para um novo período da história, o da "pós-modernidade"?            Uma vez, reduzida a religião à esfera de insignificância como pretendem, fica aberto o campo para muitas pessoas ingênuas, primárias e os jovens com baixa estrutura crítica, serem vítimas das vendas, dos lucros, do acúmulo de riquezas, da especulação, da busca da felicidade e do hedonismo por meio do consumo, tendo por trás o suave canto das sereias: a mídia capitalista. Entretanto, o capitalismo acabou descobrindo que a religião não precisa ser totalmente negada – ela passa a ser mais uma oportunidade dos itens de vendas, de faturamento, e pode ainda ser multifacetada a fim de facilitar o consumo por parte de pessoas fragilizadas pelas dificuldades da vida, sendo elas agora excelentes massas de manobra.